Escultora Arminda Lopes
Bem-Vindos ao meu espaço de expressão!
Arte, palavras, pensamentos e emoções.


sábado, 24 de outubro de 2009

Exposição Estados da Alma


Foto: Carmem Gamba - Exposição Estados da Alma
Museu Júlio de Castilhos - Porto Alegre/RS



Sinto que é hora de subir ao púlpito.
Não sei se por ter nascido numa família católica,
pelo misticismo que me acompanha, pelo encanto pelos mitos,
pelo não visível, pelas incógnitas, sou uma apaixonada por ritos.
A vida e a dança em seu ritual sempre foram a fonte do meu trabalho.
Passamos de uma linha do tempo, somos a todo momento
participantes como espectadores e atores de grandes
comédias à grandes dramas, até que nos tornemos, então, passageiros.
Passageiros para o incerto...
... E, enquanto fizermos parte desta "dança de cadeiras"
somos implacáveis atingidos por insanos sentimentos que
nos remetem ao limbo, do qual acreditamos
nunca mais sair, até porque, sentimos ser a melhor opção.
Talvez a necessidade física de sobrevivência,
através da expressão materializada dos estados da minha alma,
me auxiliem no processo de purgação da dor... E a dança continua.
Nada foi pensado, planejado ou projetado:
apenas a necessidade do momento.
Uma a uma, foram exorcizando minha alma.
De repente, me deparei com um ritual a ser realizado.
Ele surgiu inconsciente e estava pronto. Era só juntar os pedaços.
Tudo estava muito claro: era uma Capela.
Entendi o processo.
Havia criado a galeria dos insanos, dos passantes... dos fiéis.
A dança do ofertório, o bailado bailava aéreo...
Eram sete os passageiros!
Sobre o altar, o abandono jazia.
No chão, o grito da hipertrofia da alma se consagrava.
Estendido sobre o altar, o Profano Sudário.
... E erguida e pronta estava a partida.

Arminda Lopes



sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O começo

Foto: acervo pessoal - "Dor" Série Perdas - A Estética da Dor


As séries perdas e miseráveis- a estética da dor
representam a materialização da  dor.
São sentimentos  universais e atemporais.
É uma tentativa de sobreviver à dor através da dor.
Espelho de histórias, reflexos do tempo...
de todos os tempos.
Imagens expostas do lado escuro e oculto
de cada indivíduo e de toda uma humanidade.
É, além de uma  catarse pessoal e social,
um meio de luta psíquica, moral e ética.
As duas séries antecedem Estados da Alma,
formando assim a trilogia da Estética da dor,
em que a dor se torna insana e quase sagrada,
parte de um rito de passagem....

Arminda Lopes

Foto: Marcelo Moreira - Exposição Miseráveis - A Estética da Dor
Palácio das Artes - Belo Horizonte/MG